quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ingleses e o vinho do Porto

Graças ao aumento das importações de vinho português da região do Douro, no século XVII, os ingleses acabaram criando, casualmente, a fórmula do vinho do Porto. Em decorrência das guerras com a França, os negociantes ingleses, radicados na cidade do Porto, foram obrigados a buscar uma alternativa para os vinhos franceses.

Encontraram-na em Portugal, mais precisamente no vale do Douro. Os tonéis de vinho eram levados por embarcações a vela em longas travessias marítimas. Os ingleses logo perceberam que se adicionassem aguardente de uva aos barris de vinho, além de conservá-lo por mais tempo, a adição de álcool diminuía a acidez e adstringência, e realçava o sabor da bebida. Em dezembro de 1703, foi assinado um tratado comercial luso-saxônico, o tratado de Metween, que admitia a entrada de vinho português nas Ilhas Britânicas, com tarifas aduaneiras preferenciais em relação às que sobrecarregavam os vinhos franceses, ocasionando, assim, um grande incremento em seu consumo.


Para assegurar a qualidade do produto, equilibrar a produção e o comércio, e estabilizar o preço, o Marquês de Pombal (1699-1782) criou a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, em 10 de setembro de 1756. Além disso, encarregou-se de fazer a demarcação das serras, área na qual o vinho poderia ser cultivado, surgindo, assim, a região demarcada mais antiga do mundo.

O nome do vinho deriva da cidade homônima Porto, que fica na foz do rio Douro, mas não é feito ali. O Porto é produzido no Alto Douro, cerca de 100km acima. Celebrado pelos ingleses, conta-se que o Almirante Horatio Nelson, conhecido como Lord Nelson, antes de derrotar Napoleão Bonaparte (1769-1821) na célebre batalha naval em Trafalgar, em 21 de outubro de 1805, demonstrou sua estratégia para lorde Sidmouth (1757-1844) desenhando seu plano sobre o tampo de uma mesa com o dedo molhado em Porto.

Essa e outras tantas histórias estão no livro Histórias, Lendas e Curiosidades da Gastronomia, de minha autoria.

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