quinta-feira, 5 de abril de 2012

E já que é Páscoa, que tal falarmos sobre chocolate?

As sementes do cacau teriam vindo do paraíso, por intermédio do deus Quetzalcoatl, da mitologia asteca. Os astecas foram os primeiros povos a transformar o cacau em chocolate, que chamavam de xocoatl (água amarga). A bebida era preparada com grãos de cacau tostados e diluídos em água quente, aos quais adicionavam algumas especiarias, como a pimenta e o gengibre. Era reservada a cerimônias de casamentos, nascimentos e funerais, e considerada símbolo de riqueza, entre astecas e maias. As sementes também tinham função de moedas. Quatrocentas formavam um zontli, enquanto o portador de 8 mil sementes tinha, na verdade, um xiquipilli. Era possível comprar um escravo por cem sementes, uma prostituta por dez e um coelhos por quatro, conforme os relatos da época. Embora tenha sido o primeiro europeu a ter contato com o cacau em 1502, em sua última viagem ao Caribe, Cristóvão Colombo (1451-1506) não lhe deu importância. Foi o conquistador espanhol Hernán Cortês (1485-1547) que, ao experimentar o xocoalt ou cacauatl (água amarga), a ele oferecido pelo imperador asteca Montezuma, em 1519, percebeu o grande valor econômico da semente de cacau. Em seu retorno à Espanha, em 1528, Cortez trouxe consigo as primeiras mudas de cacaueiro, que decidiu plantar no Haiti, em Trinidad e, por último, na África.
Graças a essa iniciativa, a Espanha deteve o monopólio do chocolate por mais de um século. Apenas os monges espanhóis podiam produzi-lo e, com o passar do tempo, conseguiram melhorar o sabor da bebida, substituindo a pimenta e o gengibre por açúcar, canela, urucum, anis, almíscar e âmbar cinzento. Também aperfeiçoaram o sistema de torrefação e a moenda do chocolate, transformando-o em barras e tabletes para serem dissolvidos em água quente. Logo a bebida tornou-se moda nos salões aristocráticos. Era a favorita da pequena Ana da Áustria (1601-1666), a infanta da Espanha. Ao se casar com o rei Luís XIII (1601-1643), da França em 25 de outubro de 1615, levou da Espanha tudo o que é necessário à sua preparação. Em 1657, surgiu em Londres a primeira loja de chocolate chamada The Coffee Mill and Tobacco Roll. Em 1828, o holandês Casparus van Houten (1770-1858) retirou do cacau parte da gordura, o que atenuava sua amargura e acidez, ao mesmo tempo em que criava a manteiga de cacau pura. Em 1847, é comercializada em escala a primeira barra de chocolate produzida pela companhia inglesa J. S. Fry & Sons, localizada em Bristol. Tinha sabor amargo e bruto. Em 1876, o suíço Daniel Peter (1836-1919) adicionou leite condensado ao chocolate, criando a primeira barra de chocolate com leite de que se tem notícia. Rodolphe Lindt (1855-1909), também suíço, depois de prensar o chocolate por vários dias e misturá-lo em aparelhagens especiais, conseguiu obter a textura cremosa que se conhece hoje. Anos depois, Peter vendeu para seu vizinho Henri Nestlé (1814-1890), seu invento. Farmacêutico alemão, Nestlé já havia criado o método de condensação do leite e a farinha láctea. No Brasil, a primeira fábrica de chocolate foi instalada em Porto Alegre, em 1891, por iniciativa dos imigrantes alemães Franz e Max Neugebauer e Fritz Gerhardt, que fundaram a empresa Neugebauer Irmãos e Gerhardt. Considerado afrodisíaco, Montezuma, chegava a tomar cinquenta xícaras de chocolate por dia, servidas em recipientes de ouro maciço. Era daí que ele – dono de um grande harém e homem de muitos inimigos – afirmava adquirir a força para governar. Era, também, a bebida predileta de Casanova (1725-1798), do Marquês de Sade (1740-1814) e da Madame Du Barry (1743-1793), amante do rei Luís XV.

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